“Tenho que ser capaz de acalmar as pessoas”, conta a assistente social Lilian

Há um ano trabalhando na APAE de Jundiaí, a assistente social Lilian Balestrin Lunardi, acolhe as pessoas. Ela é o primeiro contato das famílias com a organização. “Meu trabalho é minimizar todo o sofrimento e angústia que as famílias trazem de casa: elas estão fragilizadas, nervosas, angustiadas e cansadas”, conta, explicando que são esses os relatos com que lida todos os dias. “Faço o acolhimento à APAE e para fazer bem o meu trabalho, preciso me colocar no lugar do outro”, explica.

Para Lilian, as mães que, por ela passam, precisam sair fortalecidas, confiantes e, principalmente, esperançosas. “Muitas delas já passou por outros serviços e nos relatam a falta de acolhimento. Ela só quer que alguém lhe ouça e lhe dê atenção”, defende.

A assistente social concorda que a resiliência é um sentimento inerente a todos os profissionais que atuam em organizações como a APAE. Nenhum dia é igual ao outro e o planejamento, segundo ela, muitas vezes fica em segundo plano para que possamos atender àqueles que chegam até nós, precisando de ajuda. “Nós praticamos resiliência todos os dias: já vivi dias em que tudo correu conforme o planejado e outros nem tanto. Daí a importância de conseguirmos nos adaptar às circunstâncias”, explica.

Com a pandemia, os atendimentos passaram por uma prova de fogo. Ele não parou! “Fomos para o atendimento remoto e a orientação e o acolhimento continuou da mesma forma. Agora, com a volta aos atendimentos presenciais, a gente entende como é importante o olho no olho para uma pessoa que está fragilizada”, reforça. “Quando as famílias saem com todas as informações, orientadas, elas saem acreditando que o atendimento foi efetivo e com a certeza de que há chance do seu filho ser atendido, ser chamado”, explica. “Ela volta para casa mais calma por ter recebido informações e orientações de como lidar com o filho em casa e de como conseguir apoio e assistência a partir de uma rede que ela tem direito, como CRAS (Centro de Referência e Assistência Social), o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social e o Conselho Tutelar para aquelas que têm maior vulnerabilidade”, completa.

Neste um ano de APAE, Lilian confessa que vem aprendendo todos os dias. “O aprendizado é contínuo e diário: a enxergar o outro e conseguir me colocar no lugar dele e, infelizmente, também enxergamos a desigualdade da sociedade e o quanto é importante o atendimento institucional de uma organização como a APAE”, defende. “A partir da APAE, é possível olhar para as pessoas com deficiência com a certeza de que ela vai conseguir ter seu espaço e atendimentos assegurados e garantidos”, avalia.  “Me sinto bem trabalhando aqui. Já trabalhei em outras instituições em Jundiaí, cada uma com o seu protagonismo, mas eu queria muito experimentar trabalhar na APAE: sinto que pertenço a este lugar”.

Para ela, a APAE desempenha um trabalho muito importante para a sociedade, ao mesmo tempo em que promove a autorrealização dos profissionais e todo esse misto de sentimentos de realização pessoal e profissional, a torna cada vez mais resiliente. “Quando reflito sobre como estava e como estou hoje, é fácil perceber que tudo melhorou, evoluiu e se adaptou: melhoramos um pouco todos os dias e isso nos permite atuar de forma cada vez mais ampla”, explica. “Todo dia é dia de aprender coisas novas e quando permitimos que isso aconteça, estamos nos tornando mais capazes e resilientes: hoje sou mais madura, pessoal e profissionalmente, porque atuando nesta área não é possível separar o lado pessoal do profissional. Somos seres humanos, a forma como ajo e reajo às dificuldades que as pessoas estão enfrentando me torna um profissional cada vez melhor e mais comprometido em ajudar o outro”, garante.